Final de novembro de 1970. Após 16 dias de viagem, no navio cargueiro “Giovanna Costa”, pisei em solo brasileiro. Ainda eram fortes em mim sentimentos e memórias do país que tinha deixado para ser missionário. Logo mais seria Natal.
O meu primeiro Natal longe dos meus, longe da pátria. Quantas saudades! Não sabia falar português, não tinha amigos e a lembrança das pessoas queridas, do frio europeu, da missa à meia-noite, do encontro familiar ao redor da mesa cheia de doces e espumantes... faziam muita falta.
Penso que toda pessoa, nessa festa em que recordamos o nascimento do Menino Deus, experimenta saudades dos familiares queridos que vivem longe ou que já partiram para a casa do Pai.
De fato, a festa do Natal traz um sentimento de fraternidade e esperança. Parece que, a cada Natal, a vida nasce de novo e a esperança de um mundo melhor é possível, porque Natal é Cristo que nasce, é Cristo que acende uma luz de esperança, é Cristo que inflama os corações de amor.
Gostaria de estar perto de cada pessoa, de sentar ao redor da mesa de sua casa, com a sua família, ou ao lado de quem se encontra sozinho. Gostaria de desejar a todos um feliz e abençoado Natal. Deus continua nascendo no meio de nós.
Gostaria de estar perto das numerosas mães de nossa cidade, que perderam seus filhos e filhas de uma maneira violenta ou repentina. Eram jovens cheios de vida, mas a euforia da velocidade os tirou do afeto de seus familiares. Não tenho palavras para consolar. Só uma prece ao Menino Deus.
Através de Jesus Menino, torna-se visível o Deus invisível. Ele torna-se como nós. Ele carrega todo o nosso peso. Ele percorre conosco todos os caminhos. Ele vive a nossa solidão, o nosso medo da morte. A felicidade que nós procuramos tem um nome, um rosto: é Jesus de Nazaré.
O Natal é uma festa que nos ajuda a crer que as barreiras e os muros vão cair; que a palavra estrangeiro vai se transformar em irmão; que toda terra é nossa pátria e que toda pátria é terra estrangeira, porque a Pátria definitiva é o paraíso.
Uma saudação especial aos numerosos migrantes que elegeram esta cidade e Diocese como sua nova casa. Podemos dizer que o Natal é a festa dos migrantes, porque nasceu neste dia o grande migrante que é o Filho de Deus. O Verbo se fez carne, colocou a sua tenda entre nós. Deixou o céu, a sua pátria, para colocar a sua morada aqui nesta terra. Ele se tornou migrante para nos ensinar o caminho de volta para a nossa Pátria.
Que a Virgem de Caravaggio, padroeira da Diocese e nossa mãe, abençoe a todos e nos ajude a acolher seu Filho Jesus em nossos corações.
Feliz Natal e um abençoado 2012.
+ Alessandro Ruffinoni – Bispo diocesano
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