sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

As cruzes presentes hoje na vida da juventude


Aproximamo-nos, aos poucos, da chegada da Cruz Peregrina ao nosso estado, e não há como pensar na Jornada Mundial da Juventude, e em sua repercussão no Rio Grande do Sul, sem lembrar as cruzes que os jovens gaúchos carregam cotidianamente.

Não são poucos os sinais de morte que percorrem nosso território, de Sul a Norte, de Oeste a leste, e a juventude como grupo social muito tem sofrido com isso.

Jovens que estão inseridos diretamente na violência, envolvidos com situações de drogas, tráfico e morte, o que tem crescido alarmantemente. A cada dia surgem novas fórmulas químicas que vêm maltratando severamente nossa juventude, que está nas periferias, à margem e sem políticas públicas que os envolva. Ainda o trabalho, que deveria ser fonte de vida e realização na vida do jovem, acaba em muitas situações sendo também violência. Onde os jovens estão expostos a longas e duras jornadas de trabalho, que prejudicam sua permanência nas escolas e universidades, mas que são necessárias, devido à desestrutura familiar que vivenciam.

Ainda é possível pensarmos, na violência contra a jovem mulher, que muitas vezes passa despercebida a nossos olhos, na sociedade onde o machismo está como condição, às vezes inconsciente. Os jovens negros são ainda outro grupo, apontados nas pesquisas e relatórios como o grupo mais exterminado, seja pela própria violência física, ou pelo preconceito que ainda persiste forte em nosso meio; Também os jovens que estão no meio rural, filhos da agricultura familiar, que prejudicados pelo agronegócio a cada dia tem menos perspectiva de continuar o trabalho na terra, e migram para as grandes cidades para compor a grande massa de marginalizados; Os jovens pertencentes às comunidades tradicionais (Indígenas, Quilombolas, Pescadores, etc.), que sem políticas públicas efetivas estão, em diversos casos, em situação de precariedade. E por fim, porém não menos importante, a alienação que a juventude como um todo vive.

Nossos jovens, com exceção dos grupos organizados e engajados de alguma forma na transformação social, não conseguem exercer plenamente sua cidadania, poucos têm acesso à cultura e ao lazer, recebendo o excesso de informação que lhes é dado, sem conseguir selecionar e criticar (característica tão marcante do jovem).

Regina Novaes, socióloga e especialista em questões relacionadas à juventude brasileira, diz que os três grandes medos da juventude hoje são: a) medo de morrer prematuramente de forma violenta; b) medo de estudar e ficar desempregado e c) medo de estar desconectado num mundo conectado. O que de fato sintetiza muito bem as cruzes carregadas pelos nossos jovens, hoje.

Porém apesar dos Sinais de morte, há em muitos cantos sinais do Reino acontecendo, "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10, 10), diz Jesus. Somos nós, hoje chamados a convidar a juventude a assim como Cristo, com Ele, tornar a cruz de sinal de morte em sinal de vida.

E que a JMJ fortaleça o trabalho de nossos grupos, para que continuemos com nossa grande missão, que é construir a cada dia o sonho do Pai.

  • Luana Corrêa
  • Arquidiocese de Pelotas

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