Pedro e Paulo são considerados “colunas da Igreja”: Pedro recorda mais a instituição; Paulo, o carisma e a pastoral. Exerceram atividades diferentes, em campos diferentes. Desentenderam-se também. Apesar de divergirem nos pontos de vista e na visão do mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no martírio. Em ambos, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Cristo de formas diferentes. Mas é único e idêntico o testemunho que deram de Jesus. Por isso são figuras típicas do cristão, com suas fraquezas e forças. Fortes no anúncio, foram corajosos até o fim no testemunho de Jesus.
Evangelho (Mt 16,13-19): A missão de quem reconhece Jesus
Pedro recebe a revelação de que Jesus é o Messias. Contudo, o que Pedro vê em Jesus não é fruto de especulação, pois Jesus é o Messias plenamente humano, a ponto de enfrentar a morte. Pedro, pedra sobre a qual Jesus edificará a sua Igreja, torna-se pedra de tropeço (Satanás), porque não pensa as coisas de Deus; ao contrário, está agarrado à mentalidade da sociedade estabelecida, que espera um Messias glorioso e poderoso e, por isso mesmo, rejeitará Jesus, levando-o à morte. A seguir, Jesus mostra as conseqüências para quem reconhece que ele é o Messias. Em síntese, o reconhecimento de Jesus-Messias conduz ao testemunho e à cruz. O processo de Pedro é um processo de conversão que o leva a identificar sua vida com a do Mestre. O grande desafio é este: deixar de querer um Messias feito à nossa imagem e semelhança para nos tornarmos discípulos à imagem e semelhança de Jesus, Messias-servo.
II leitura (2Tm 4,6-8.17-18): Paixão de Paulo, paixão de Jesus
O trecho pertence àquilo que costumamos chamar de “testamento de Paulo”. Ele está acorrentado, prestes a morrer. E aproveita para fazer uma revisão de sua vida, olhando para o passado e para o futuro. Para ele, tudo é graça de Deus. Chegou o momento de dar o grande testemunho. Seu sangue derramado, ele o interpreta como sacrifício de valor expiatório: “já fui oferecido em libação”. A libação de vinho, água ou óleo era, nos sacrifícios judaicos, derramada sobre a vítima. O sangue que Paulo vai derramar fará aumentar e incrementar a evangelização. A partida do apóstolo é descrita como dissolução, ou seja, soltar as velas, permitindo ao barco partir. A morte não é o fim, mas o início da nova viagem. É o último gesto de auto-entrega, a porta de entrada para a meta definitiva. Qual é a meta dessa viagem? Paulo tem consciência de ter cumprido sua missão de forma exemplar, com garra e constância. Toma como exemplo o soldado que lutou com risco e seriedade: “combati o bom combate”, e o atleta que corre no estádio: “terminei a minha corrida”. Mas o fundamental para ele é ter corrido em proveito da evangelização, conservando a fé. Olhando para o futuro, tem esperança de receber a coroa da justiça. Também aqui ele faz uso de linguagem própria das lutas e disputas esportivas daquele tempo. Assim como o atleta vitorioso recebia a coroa da vitória, Paulo receberá a coroa da justiça, que é símbolo da imortalidade, da vitória, da alegria e recompensa que Deus, justo juiz, conferirá a ele e a todos os que esperam e lutam com amor, para que o projeto de Deus seja conhecido e aceito. A seguir, Paulo relata os últimos acontecimentos de sua vida e o que se passou no tribunal. Com ele acontece a mesma coisa que aconteceu com Jesus: “todos me abandonaram”. Ele não teve um advogado de defesa. Prisioneiro sem advogado, sem amigos, sem recursos… Contudo, Paulo não se ressente disso e pede que “isto não lhes seja levado em conta”, como Jesus, em Lucas, pede perdão por aqueles que o torturam e matam. O comparecimento de Paulo diante do tribunal é motivo de testemunho “a fim de que a mensagem fosse proclamada e ouvida por todas as nações”. A paixão de Paulo é o prolongamento da paixão de Jesus. O apóstolo não tem mais esperança de viver, embora sua sentença tenha sido retardada por um pouco de tempo. Contudo, sua esperança se fundamenta não numa salvação momentânea, mas na intervenção definitiva de Deus, que o levará salvo para o seu reino. Abandonado por todos, sua única esperança é Jesus. E isso se torna motivo de profunda alegria, que o leva a render graças e dar glória a Deus enquanto viver.
Para Refletir:
Grave pergunta: será que nós poderemos dizer plenamente quem é Jesus se estivermos comprometidos com os centros de poder? O episódio tem dois momentos. No primeiro, Jesus pergunta aos discípulos o que as pessoas dizem a respeito dele. A resposta revela a diversidade de opiniões, todas insuficientes para responder à pergunta: “Quem é Jesus?” Ele é visto como simples precursor dos tempos messiânicos. Percebe-se que circula na sociedade uma imagem distorcida de Jesus, exatamente por causa de sua humanidade. Ele se apresenta como “Filho do Homem”, título que o situa no chão da vida de todos os mortais: ele é carne e osso como qualquer de nós.
Deixe-se questionar pelo Senhor: Quem sou eu para ti?
Do Blog:http://pezorzo.blogspot.com/
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